O uso do narguilé, cachimbo para fumar tabaco aromatizado, vem chamando a atenção dos profissionais da saúde nos últimos anos. A moda pegou no Brasil e já são quase 300 mil consumidores do cachimbo oriental, de acordo com a pesquisa especial sobre Tabagismo (PETab), realizada em 2008 pelo IBGE em parceria com o INCA.

O hábito é preocupante já que uma sessão de narguilé expõe o fumante à inalação de fumaça por um período muito maior do que quando ele fuma um cigarro. O volume de tragadas do narguilé pode chegar a 1.000 ml em uma sessão de uma hora. Já o volume de tragadas do cigarro alcança 30 a 50 ml entre cinco a sete minutos. Isso quer dizer que uma simples sessão de narguilé consiste em uma centena de ciclos de tragada. Podemos até afirmar que em uma sessão, o fumante inala uma quantidade de fumaça equivalente ao consumo de 100 cigarros ou mais.

O narguilé é um grande cachimbo composto de um fornilho (onde o fumo é queimado), um recipiente com água perfumada (que o fumo atravessa antes de chegar à boca) e um tubo, por onde a fumaça é aspirada pelas várias pessoas que compartilham uma sessão. Como qualquer outro produto derivado do tabaco, o narguilé contém nicotina e as mesmas 4.700 substâncias tóxicas do cigarro convencional. Porém, análises comprovam que sua fumaça contém quantidades superiores de nicotina, monóxido de carbono, metais pesados e substâncias cancerígenas do que na fumaça do cigarro.

Na mistura, ainda é colocado carvão em brasa. A queima do carvão produz substâncias cancerígenas, entre elas, o monóxido de carbono, potencializando os riscos para seus consumidores. Além das ações cancerígenas no organismo, a exposição elevada ao monóxido de carbono aumenta o risco de eventos agudos, como ataque cardíaco, acidente vascular cerebral ou morte súbita em pessoas que têm doenças cardiovasculares ou pulmonares. O benzeno em doses elevadas também é grande causador de leucemia.

em mais um detalhe importante, o narguilé contém aditivos aromáticos, em geral, muito agradáveis, que acabam levando jovens a participar de sessões de fumo desse produto, levando-os a se tornarem dependentes de nicotina, e futuros consumidores de cigarros.

Fica o alerta para os jovens e para os pais cuidarem mais de perto sobre as escolhas para uma vida saudável. A moda cada vez mais comum entre os jovens pode trazer prejuízos incalculáveis para a saúde e em curto espaço de tempo.
Dr. Paulo Salustiano
CRM-MT 4110

 

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