Certo ou Errado: para você, quanto mais “gordinha” uma criança for, mais saudável ela é? Errado. Uma criança é saudável se ela possui um cardápio equilibrado e pratica atividades físicas. Vivemos nos tempos dos videogames e smartphones, e o sedentarismo tem feito parte da infância de muitas crianças.

O risco de obesidade é maior na primeira infância porque a multiplicação das células que armazenam gordura se inicia na 30ª semana de vida do feto e permanece intensa até os dois anos do bebê. Dessa forma, se a criança tiver uma alimentação com mais calorias do que ela é capaz de gastar, as células aumentam em tamanho e número para armazenar mais gordura. Depois, as células de gordura permanecem estáveis até por volta dos 9 anos, quando voltam, com a puberdade, a se multiplicar mais rapidamente.

Segundo a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada pelo IBGE, uma em cada três crianças brasileiras com idade entre cinco e nove anos estão com o peso acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O Ministério da Saúde aponta que o problema de obesidade já afeta 1/5 da população infantil, o que pode resultar em uma futura geração de hipertensos, diabéticos, com problemas renais, cardiovasculares e cerebrais.

Dados e estudos da UNIFESP também afirmam que a obesidade infantil cresce exponencialmente nosso país e o cenário é agravado por hábitos alimentares de grande oferta calórica e poucas atividades físicas. As crianças que estão na faixa de dois a cinco anos (22%) apresentam sobrepeso e 6% já estão obesas. Quando a obesidade tem início na infância, as crianças chegam aos 10 anos já obesas e as estatísticas mostram que 80% delas manterão esse padrão na fase adulta.

Isso porque, segundo estatísticas médicas, crianças obesas geralmente se tornam adultos obesos, com predisposição a desenvolver inúmeros problemas de saúde, como doenças do coração e diabetes. Segundo o IBGE, 78% dos adolescentes obesos se tornaram adultos obesos.

O Ministério da Saúde mostra que o Brasil aparece em 5º lugar no ranking de países com pessoas mais obesas, e enfrenta um aumento expressivo do sobrepeso e da obesidade em todas as faixas etárias. A OMS calcula que, no Brasil, 9,4% das meninas e 12,7% dos meninos estão obesos.

A falta de uma orientação alimentar e o sedentarismo são as grandes causas da obesidade na infância. Os quilos extras podem causar complicações para as crianças até a sua vida adulta. Doenças como diabetes, hipertensão e colesterol alto são algumas consequências da obesidade infantil não tratada. A doença também pode levar a baixa autoestima e depressão.

Mas as crianças são apenas espelhos dos hábitos dos adultos que a rodeiam. O IBGE afirma que apenas um entre três adultos consome frutas e hortaliças em cinco dias da semana.

O tratamento da obesidade é complexo e multidisciplinar. Não existe nenhum tratamento farmacológico em longo prazo que não envolva transformação de estilo de vida.Por isso, a mudança de atitude e de mentalidade precisa ser feita por toda a família. O sucesso depende do comprometimento.

Por isso, desde a primeira infância, incentive o consumo de vegetais e a prática de esportes. Tenho certeza de que assim, você construirá um futuro mais saudável e feliz para o seu filho.

Paulo Salustiano – Médico (CRM-MT 4110), Coach, Escritor e Palestrante.

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