Você já ouviu falar sobre Endometriose? Essa é uma doença que tem como característica a presença do endométrio – tecido que reveste o interior do útero – fora da cavidade uterina, em outros órgãos como tubas uterinas, ovários, intestinos e bexiga. O endométrio é uma mucosa de revestimento, sensível às alterações do ciclo menstrual e onde o óvulo depois de fertilizado se implanta. Se não houver fecundação, boa parte do endométrio é eliminada durante a menstruação.

O que sobra volta a crescer e o processo todo se repete a cada ciclo. Portanto, a endometriose é uma afecção inflamatória provocada por células do endométrio que, em vez de serem expelidas, migram no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar, causando as temidas cólicas menstruais.

Segundo informações da Associação Brasileira de Endometriose, entre 10% e 15% das mulheres em idade reprodutiva (13 a 45 anos) podem desenvolver a doença e ocorre entre 25 e 40% das mulheres inférteis. Ou seja, cerca de 6 milhões de brasileiras.

A associação da endometriose com a fertilidade tem sido alvo de discussão há muitos anos. Os debates têm causado, por muitas vezes, um “vai e vem” nas condutas e tratamentos médicos. Todos os tipos e graus de endometriose podem influenciar a fertilidade, entretanto, frequentemente o diagnóstico não é tão evidente e fica como última opção na pesquisa, entre outras causas de infertilidade.

Esta demora na iniciativa da pesquisa da doença pode ser causada pela superficialidade dos sintomas, pela inconsistência das queixas clínicas e pela falta de evidências laboratoriais dos exames de sangue e ultrassom endovaginal. Somente após realizar tratamentos sem sucesso é indicada a videolaparoscopia, que conclui o diagnóstico. A espera por este esclarecimento atrasa a concepção e prolonga o sofrimento do casal.

Mas diversos estudiosos vêm apresentando novas alternativas para o tratamento da endometriose a partir de soluções naturais e próximas de você. Quero citar três:

1. Vitamina C

É um potente antioxidante que faz com que alimentos que sejam sua fonte e suplementos oferecem proteção contra a descontrolada oxidação que ocorre no interior da célula, pois atua diretamente na eliminação destes compostos, promovendo alívio no processo inflamatório. Ela age também como um anti-histamínico natural, reduzindo a severidade do ataque da histamina presente no processo inflamatório. Seu principal precursor é o ácido ascórbico, que pode ser encontrado em frutas cítricas como laranja, limão, carambola, abacaxi e caju, em vegetais folhosos, tomate e pimentão.

2. Vitamina E

É mais um importante antioxidante que exerce função semelhante aos demais no combate à ação de radicais livres no organismo. Além de seu papel antioxidante, estudos realizados recentemente apontam que a vitamina E também produz um forte efeito analgésico, causado pela ação inibidora da produção de prostaglandina, um agente envolvido na inflamação.

Esta vitamina atua progressivamente no combate à inflamação, e, por isso, seu consumo deve ser diário e em doses ideais para obter esse efeito.

Pode ser encontrado em alimentos como sementes de abóbora, óleo de oliva, vegetais verde-escuros, cereais integrais, abacate, salmão e ovos. Estes alimentos são constituídos de quatro formas diferentes de Vitamina E, mas é o tocoferol, seu principal precursor, que representa a forma antioxidante mais potente.

3. ÔMEGA 3

Em 2010 foi publicado um estudo da Harvard Medical School – Human Reproduction, onde os pesquisadores descobriram que mulheres que incluem ômega 3 em sua alimentação têm menos chance de desenvolver endometriose do que as que ingerem alimentos ricos em gordura trans.

O ômega 3 é encontrado especialmente em peixes marinhos de águas frias, como o arenque, sardinha, anchova, atum e o salmão selvagem. Nosso corpo não consegue produzir esses ácidos graxos essenciais, mas precisamos deles, uma vez que eles são responsáveis por criar uma camada lipídica em volta das células, contribuindo para o melhor funcionamento de todas as suas funções, incluindo efeitos anti-inflamatórios.

A ingestão desses três nutrientes podem trazer o alívio que muitas procuram e se frustram com tratamentos prolongados e desnecessários. É preciso olhar para a natureza e tudo o que ela tem para nos oferecer com mais atenção e alimentar nosso corpo com aquilo que nos nutre, nos dá saúde e bem-estar. Apenas seu médico pode indicar tratamento cirúrgico ou não cirúrgico.

 

Paulo Salustiano – Médico (CRM-MT 4110), Coach, Escritor e Palestrante.

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